… de euros dos impostos dos cubanos.
Foi este o número redondo (mais milhão, menos milhão) que os reprensentantes do povo madeirense, ao que parece democraticamente eleitos, distribuíram pelos clubes da região nos últimos dez anos, segundo o Público de hoje.
Curiosamente, quem mais recebeu não foram os clubes e associações pequeninos, aqueles que estimulam a prática de modalidades de que ninguém quer ouvir falar e que, deste modo, incentivam ainda a prática de desporto pelo maior número possível de pessoas. Se assim fosse, eu até ficava contente. É que eu pago impostos, compreendo a sua necessidade e não me importo que eles sejam distribuídos para aumentar a qualidade de vida das pessoas. E esta passa, hoje em dia, também pela possibilidade de praticar desporto: básquete, vólei, hóquei, atletismo, natação, etc. e não apenas futebol (que eu já quase nem vejo como uma modalidade desportiva, mas mais como um triste espelho das gentes que habitam este país).
Eu até ficava contente. Mas não fico, porque quem mais recebeu foram… os três “grandes” clubes de futebol da ilha do jardim: o Nacional, o Marítimo e o União (não sei os nomes completos, cito o jornal). Primeiro, como é que há três, 3!, três clubes de futebol num pedaço de terra tão pequeno? Segundo, a que propósito são eles os grandes subsidiados? A lógica do subsídio não é (ou não deveria ser) fomentar aquilo ou aqueles que de outro modo não poderiam sobreviver?
E agora, como se não bastasse, para ajudar à festa, o AJJ resolve oferecer um estádio ao Marítimo (que me parece ser o melhor classificado dos três nas coisas dos futebois, atenção que não falta acento nesta palavra) . Diz o AJJ: tomem lá isto, que é do interesse público. E, plim!, num passe de mágica, o Marítimo ficou com um estádio a custo zero, limpinho e sem osso, parafraseando o famoso filósofo-popular-futebolista-treinador Jaime Pacheco. E isto sem terem que garantir que os putos pobres da ilha iriam ter uma escola de futebol, sem terem que fazer palestras em prol do desportivismo ou sobre os benefícios do desporto para a saúde física e mental das gentes. Sem contrapartidas de espécie alguma. Apenas um “Tomaide!”
Curiosamente, os outros dois clubes e mais os pequenitos todos não se juntaram em coro a reclamar por uns serem filhos e os outros enteados. Não, nem pensar. É que eles já perceberam como são as regras: quem chora não mama!
p.s. Mais uma vez, noto que o ex-jornal-de-referência não tem uma linha sobre a legitimidade desta oferta…
Eu sei miuda que tu não gostas nem de futebol, nem de ficar alapada numa bancada a olhar para a bola uns tipos a correr atrás dela.
Eu tb não percebo muoto de futbeol, nem nunca me senti incutido com aquilo em demasia, mas lá que mexe a sociedade isso mexe. E dá muito dinheiro a ganhar.
Ou seja tudo se resume a uma questão de peças redondinhas brilhantes que fazem tlim e cegam quem as ouve correr por entre os dedos.
Mas não é interesse público, é tudo menos interesse público.