“Ortografia explicada. Primeyra parte. Que cousa he orthografia, como se divide, e com que letras se haõ de escrever as palavras.” (1734, ver aqui.)
“Do Asyterisco, Uniâm, e seu uso.” Aqui: Lisboa, 1767
Oliveira Martins, sobre Antero de Quental: “Anthero de Quental resolveu destruir todas as suas poesias lugubres […]. Entendia que esses versos tetricos não podiam consolar ninguem […]. D’esse naufragio onde se perderam verdadeiras obras-primas, salvei eu as poesias […]; e salvei-as porque as possuia entre os originaes remettidos em cartas, e mais de uma vez como texto de noticias do estado do seu espirito […] “
Como se dirigia o Partido Republicano Radical ao paiz, perdão, país em 1925? Assim.
Fernando Pessoa: ” Eu não tenho philosophia, tenho sentidos/ Se fallo na natureza, não é porque saiba o que ela é, / Mas porque a amo, e amo-a por isso, (…)”
E chega, não dou mais exemplos. Faça-se uma lista de tudo quanto acima se leu e que hoje se escreve de maneira bem mais simples (notando-se, enquanto o fazemos, que em matéria de acentuação a geração do Santo Antero ainda era mais radical do que nós!).
Está feita a lista? Forçoso é, então, concluir que o caminho da língua escrita é simplificar-se, caso contrário estaríamos ainda a escrever latim e a lê-lo “à portuguesa”. Os franceses ainda o fazem em algumas palavras – lembro-me de “Laetitia” (nome próprio) se ler “Letícia”.
A história da língua prova que a actualização ortográfica é não só desejável mas inevitável. O que se tem andado por aí a discutir não tem a ver com ortografia, mas sim com economia e com política, misturando tudo e prejudicando tanto a clarividência quanto a natural evolução escrita da língua (já que a oral ninguém a pára).
Em síntese, o que é o Acordo Ortográfico? Está aqui, escrito por um brasileiro e claro como água.
Quanto ao MEDO de sermos linguisticamente engolidos pelos brasileiros, este parece-me algo bizarro. Não é por não escrevermos aquilo que não dizemos (ex. “batizado” em vez de “baptizado”, “ação” em vez de “acção”) que a língua vai desaparecer tal qual a conhecemos.
Bem mais grave, deste ponto de vista, é utilizarmos demasiados “oi” em vez do “olá”, “trocar de roupa” em vez de “mudar de roupa”, “site” em vez de “sítio”, “link” em vez de “ligação” ou “hiperligação”. Em relação a esta preguicite mental de falar português usando as palavras que já temos ninguém se insurge e sobre isto ninguém vai à Assembleia da República perder tempo. E sobre isto, sim, eu já acho que vale a pena discutir.
Por tudo isto, eu sou pelo Acordo Ortográfico, porque quero que a minha língua se depure de apêndices que não são, está provado, assim tão essenciais e intocáveis.
P. S. Só admito discutir este assunto com pessoas que não dêem erros ortográficos de espécie alguma, por uma questão de coerência ético-linguística, está bom de ver.
Está bem! Só que AGORA funciona ao contrário! Experimenta!!!!
Não estás a limpar o pó à tua língua, isso era fabuloso! Estás a ajustar o “tapete” da tua língua, de modo a que estranhos possam colocar o lixo que não conseguem dar vazão de tanto terem deixado o cotão cristalizar-se.
Está bem! Nao é por ai! Era bom! Mas não é!
se essa boca do p.s. é para mim então tenho pena de não te explicar porque sou contra este acordo ortográfico.
Ex.mo D Pt Mdr,
Obrigada pelo seu comentário, pois prova que a ortografia é apenas um dos problemas dos falantes da nossa maravilhosa Língua Portuguesa, confirmando que esse não é o mais grave. De que serve preservar a ortografia se, pelo meio, se perde o sentido de um texto?
Sérgio,
tu és contra porque sim. Certo? Chuaque!
não, sou do contra porque não, e sou-o desde os inícios dos anos 90. como sou por exemplo a favor da bd norte-americana em brasileiro. sou incapaz de ler aquilo em português.
Eu concordo. Com o post e o Acordo, e dei conta disso no meu Blog!
Gostei do ponto de vista!
Tenho recebido e passado alguns mails sobre o assunto, sem no entanto me ter informado devidamente. Pensando bem e com a informação que tenho até agora, parece-me que, só posso estar de acordo. Acho que poderia ir muito mais longe. Obrigada por mais informação!
Olá, Carmo!
Obrigada pela tua visita! Sendo tu uma artista, nunca poderias ser contra a evolução.
Beijinho!